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Unidade 1


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Introdução

O Lúdico é um instrumento pelo qual a criança se expressa no mundo. Por meio dessa prática cultural, presente no dia a dia infantil, que autores renomados desempenham suas pesquisas e afirmam que é na brincadeira que a criança aprende e constrói os conhecimentos necessários para seu pleno desenvolvimento.

Esse capítulo irá apresentar o lúdico na educação e na formação do educador, teorias e leis básicas para a compreensão da necessidade de transformar a educação em um instrumento motivador de mudança social e, também, criação de um novo cidadão.

As indicações de vídeos e livros são leituras complementares que ajudarão a compreender o tema apresentado. Salienta-se que o professor sempre deve estar em busca de renovação de estudos, capacitação e ensino continuado.

Lúdico e Educação

Nesta unidade, será abordada a importância de se aprender a brincar e utilizar o aprendizado a favor da educação, já que é um verdadeiro desafio prender a atenção dos estudantes de educação infantil nos dias atuais. Esse é o tipo de frase que mais se ouve nas salas dos professores em diversas escolas pelo país. Porém, se estamos rodeados de tecnologias e a escola não parece mais tão atrativa à criança, há necessidade de mudança por parte de alguns professores ao atuarem com as ferramentas que apenas a mudança de pensamento pode proporcionar.

Diante do exposto, os autores Perrenoud e Thurler (2010) reforçam que um profissional reflexivo não é apenas aquele que sabe refletir e analisar, que possui algumas ferramentas metodológicas e teorias, mas é aquele que reinventa o seu local de trabalho e a si mesmo enquanto pessoa e professor.

Não há necessidade de o professor ser brincalhão em sala de aula, porém, existem mecanismos para desenvolver o foco na aprendizagem e utilizar do lúdico para manifestar o saber, principalmente, na Educação Infantil. Dessa maneira, nessa fase o desenvolvimento escolar começa por meio do brincar, visto que o aprender brincando leva à criança a satisfação em procurar e concretizar o desconhecido. Por isso, é fundamental para a formação do pedagogo a priorização da ferramenta de se utilizar o Lúdico.

Conceito e Histórico do Lúdico na Educação

Segundo o dicionário, a palavra “lúdico” é adjetivo relativo a jogo e brinquedo, que visa mais o divertimento do que qualquer outro objetivo; é algo que se faz por gosto. Para a psicanálise, o lúdico está relacionado à tendência ou manifestação que surge na infância e na adolescência sob a forma de jogo (HOUAISS et al., 2009).

Para simplificar, Miranda (2013) apresenta o lúdico como uma categoria geral que engloba jogo, brincadeira e brinquedo. A tendência de nossa sociedade tecnológica, acostumada a viver no aproveitamento do hoje, é acreditar que o uso de jogos e brincadeiras veio há pouco tempo. Miranda (2013) explica que, na Grécia Antiga, Platão (437-348) baseava a educação para crianças com utilização de jogos educativos, a prática era nos primeiros anos de idade e para ambos os sexos.

A própria cultura grega dava importância ao esporte como formação da personalidade e do caráter humano, nesse contexto, eram inseridos cálculos com problemas concretos e, assim, as práticas de matemática lúdica eram iniciadas. Os problemas concretos eram direcionados aos da vida cotidiana, ligados aos reais negócios praticados naqueles tempos.

Naquela época, de acordo com Silveira (1998), as leis atenienses reforçaram a necessidade do jogo para a educação e enfatizavam a construção de profissões por meio do brincar. Porque aprender brincando é mais satisfatório, Platão acreditava que o professor deveria mediar o aluno na integração de seu brincar como construtor, para saber medir e os materiais, assim, a criança estaria apta a alcançar uma profissão com satisfação. Por essa razão, o lúdico precisa continuar em sala de aula, Silveira (1998) destaca que a regularidade dos cursos e aperfeiçoamentos deve ser buscada pelos docentes que atuam na área de Educação Infantil, como parte prioritária da busca pelo aspecto lúdico na sua formação para atender às crianças no seu desenvolvimento cognitivo.

Para os gregos, a educação oferecida na escola não era o suficiente, visto que eles entendiam que a sociedade também ensinava, assim, “para eles a cidade também educava tanto em suas reuniões políticas administrativas e jurídicas quanto nos jogos, nas artes, na arquitetura e nas representações dramáticas” (CINTRA; PROENÇA; JESUINO, 2010, p. 229-230). Eles acreditavam que os jogos educacionais eram auxiliares na formação do corpo, da mente, da ginástica, das artes, da música, da filosofia, da ciência e da moral, logo, “[...] o jogo físico, de caráter reparatório dos militares, possuía um grande valor pedagógico, direcionado para o ensino-aprendizagem [...]” (CINTRA; PROENÇA; JESUINO, 2010, p. 229- 230).

Ainda na Idade Antiga, a educação sensorial e o uso do jogo didático foram priorizados nas diferentes áreas de ensino. Passou-se a considerar as brincadeiras como recreação e a criança não tinha aceitação em seu comportamento espontâneo. Ao abordar o contexto histórico da ludicidade, verifica-se que o surgimento do lúdico na Antiguidade Greco-romana poderia estar ligado à ideia de relaxamento, necessária às atividades que exigem esforços físicos e intelectuais. Porém, Comênio (1957) destacou que não era fácil ensinar as crianças e que estas precisavam ser atraídas para experimentos de estudos, então, passaram a brincar com pedrinhas, bolas e corridas.

Na Idade Média, Àries (1981) salienta que os jogos, mesmo quando presentes nas atividades educativas, não eram analisados como um material pedagógico com capacidade de gerar aprendizagem, assim, tinha somente como alvo as atividades recreativas. Pode-se justificar que as crianças não recebiam tratamentos diferenciados, pois na época acreditava-se que elas eram adultas em menores estaturas.

Porém, como já abordado, existia uma perspectiva de mudança na Era Medieval, pois os diversos pensadores enfatizavam que a ludicidade auxiliava na educação escolar. Naquela época, as questões sociais ainda envolviam a educação, já que somente a nobreza tinha uma educação ideal. Platão, um dos principais defensores da educação, “afirmava que os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados com jogos educativos, praticados pelos dois sexos, sob vigilância e em jardins de infância” (CINTRA; PROENÇA; JESUINO, 2010, p. 229).

De acordo com Kishimoto (1994), apenas no século XVIII houve a disseminação das brincadeiras e dos jogos. É importante destacar que esse fato ocorreu principalmente no âmbito rural, pois nessa esfera predominavam as populações em virtude da produção de bens, assim, tinham uma grande aglomeração de crianças que popularizaram as brincadeiras e os jogos. Ainda, conforme com a autora, após a Revolução Industrial e com o advento das tecnologias, em geral, o lúdico deixou de ser usado pelos adultos, sendo mais encontrado no cenário infantil.

Se para a psicanálise, conforme Houaiss et al. (2009), o lúdico tornou-se a manifestação por meio do jogo, foram os estudos de Jean Piaget (1896-1980), Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934) e Sigmund Freud (1856-1939) que modificaram as formas de se conhecer o desenvolvimento do ser humano. Nesse contexto, Rischbieter (2011) apresenta as perspectivas dos estudiosos sobre o comportamento infantil mediante os jogos. O autor aponta quais são as contribuições de se utilizar os jogos para a criança, para ele, Jean Piaget afirma que a as crianças discutem umas com as outras, interagem em seus papéis, quando interagem passam a aprimorar os significados aos objetos e desenvolvem as regras para convivências, assim, ficam mais ativas e inteligentes.  

Ainda para o autor, Rischbieter (2011), Lev Semenovitch Vygotsky apresenta o jogo como uma atividade que origina a imaginação e, consequentemente, a inteligência criativa. Sigmund Freud traz a importância do jogo para que a criança possa expressar seus desejos mais íntimos, assim, ela poderá descarregar sua agressividade e, também, colaborar para a construção de sua liberdade.

Segundo Piaget (2011, p. 64), "[...] o brincar implica uma dimensão evolutiva. Crianças diferentes com características específicas têm maneiras diferenciadas de brincar”. Dessa forma, a brincadeira não pode ser vista como um momento sem valor que em nada contribui para a formação da criança, pois considerando que é básica, principalmente para as séries iniciais, deve ser proposta e conduzida pelo professor com base nas características de cada uma presente em sua sala de aula e pressupor um planejamento adequado à faixa etária em que será aplicada.

Figura 1.1 - Interação ao brincar
Fonte: Rawpixel / 123RF.

Dando continuidade, Negrine (1994) assegura que o lúdico é uma atividade eficaz na construção do desenvolvimento infantil, pois o ato de brincar origina um espaço para pensar e, por meio deste, a criança progride no raciocínio, amplia o pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade, pois ela se utiliza de todos os movimentos necessários do corpo para desenvolver as suas brincadeiras.

Becker (2001) menciona que o lúdico possibilita o prazer e alegria nas aulas, não importando a etapa da vida em que o ser humano esteja e adiciona uma suavidade ao hábito da sala de aula, fazendo com que o aluno aprenda melhor e de maneira mais significativa.

Aconteceram importantes renovações na educação: o pensamento pedagógico é concretizado nas teorias da Escola Nova e reformas importantes começam a acontecer. No Brasil, as conquistas foram crescendo e formaram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN, 9394/96).

A LDBN, nº. 9394/96, expressa o avanço do pensamento pedagógico transcrito no artigo 1º: “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996, p.9). É nesse cenário que a escola integra parte da educação da criança, assim como a família e os responsáveis legais.

De acordo com Gadotti (1990), há duas vertentes que possuem o pensamento pedagógico brasileiro, a Liberal e a Progressista. A Liberal é composta por educadores que defendem a liberdade, o ensino de pensamento, os métodos e a pesquisa baseados na natureza da criança; por sua vez, a Progressista é regida por teóricos e educadores que acreditam no envolvimento da escola na formação de um cidadão crítico e ativo na mudança social. A partir desse contexto, os estudos na Nova Escola, elaborados por um de seus pioneiros, Lourenço Filho, afirmavam que as escolas - sem qualquer comunicação entre si - não privilegiam o estudante viver em sociedade, pois ele não interage com o outro e não assume o seu papel como cidadão.

Os fatos fizeram com que na década de 90, com a LDBN (1996), as escolas brasileiras começassem a discutir a interação com os estudantes e as possibilidades de repensar o pedagógico. Porém, um fator entristecedor que ocorreu foi que algumas escolas deixaram de aplicar a Ludicidade e alguns resgates são necessários para que haja a valorização da criatividade apresentada nas brincadeiras: o desenvolvimento das crianças.

SAIBA MAIS

Você sabia que existe o Dia Internacional do Brincar? Ele é celebrado em 28 de maio. Tem o propósito de lembrar do artigo 31º da Convenção sobre os Direitos das Crianças das Nações Unidas. Como a vida adulta é muito atribulada, o dia foi criado para que haja mais interação entre os responsáveis e as crianças. Vale de tudo um pouco, principalmente, atividades ao ar livre: piquenique, jogo de bola, brincar no parque, reações com os avós, jogos com os pais e brinquedos infantis. Para saber mais, acesse: <https://www.calendarr.com/portugal/dia-internacional-do-brincar/>.

Fonte: Adaptado de Calendarr (on-line).

Educação Infantil garantida por Lei

Esse tópico é necessário para o entendimento da Educação Infantil quanto à sua aplicação na vida da criança, pois se no futuro professor não conhecer de onde vem as bases na lei, ele pode não entender o quão preciso é a participação dele na vida de uma criança.

A Educação Básica é oferecida em creches e pré-escolas para crianças de até cinco anos de idade, promulgada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e assegurada pela Constituição Federal Brasileira como Educação Infantil. Considerando a emenda constitucional de 2006:  Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: IV - Educação Infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

Nesse caso, a atribuição ao Estado-Nação do dever de proporcionar à sociedade o acesso à Educação Infantil a todas as crianças de zero a cinco anos de idade. O atendimento das crianças de até quatro anos é oferecido em creches, nomeadas em muitos municípios como Centro Municipal de Educação Infantil. Elas oferecem atendimentos em período parcial ou integral. Já as crianças de quatro e cinco anos são atendidas em pré-escolas para socializarem com o Ensino Fundamental. Assim, assegura a LDBN/96:

Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (BRASIL,1996, on-line).

De acordo com Medeiros e Rodrigues (2015), no decorrer dos anos, a Educação Infantil deixou de ser apenas assistencialista, ganhou novos estudos e com novas concepções estabelecidas em leis, abrangendo a população geral e não apenas as famílias mais pobres ou com risco de pobreza. Segundo os autores, a intensificação acerca do tema, dando ênfase à promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN), é fundada no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI).

Nesse contexto, enfatizam a utilização dos jogos e das brincadeiras no espaço das escolas de Educação Infantil por verificarem a necessidade de se agir para o desenvolvimento global da criança a partir dos aspectos físico, intelectual, social e psíquico.

O RCNEI é um documento de orientação pedagógica para a Educação Infantil, dividido em três volumes:

  • Primeiro volume: é introdutório e trata da criança em si e de seu processo de formação criança enquanto ser humano;
  • Segundo volume:  trata da formação pessoal e social e abrange o processo de formação da identidade e autonomia da criança;
  • Terceiro volume: aborda o conhecimento de mundo, representado em eixos, cujo enfoque destaca a música, o movimento, as artes visuais, a linguagem oral e escrita, a natureza, a sociedade e a matemática.

O brincar é praticamente o agir do lúdico, segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, volume 1:

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação, Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais (BRASIL, 1998, p. 22).

Por isso, torna-se necessária a brincadeira orientada no desenvolvimento infantil, como um instrumento a proporcionar o desenvolvimento da criança de forma a utilizar o seu potencial, capaz de se autoconhecer e de se reconhecer na interação com seus pares. Evidencia-se, aqui, que poderá acontecer mesmo antes da inserção na escola de Educação Infantil, ou seja, no ambiente familiar em que ela está inserida. Observa-se no RCNEI, volume 2:

Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas. Nesse sentido, as instituições de educação infantil devem favorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. Quanto mais rico e desafiador for esse ambiente, mais ele lhes possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si mesmos, dos outros e do meio em que vivem (BRASIL, 1998, p. 15).

Nesse contexto, a utilização de jogos e brincadeiras nas atividades pedagógicas não deve apenas visar o desenvolvimento da ludicidade no sentido tão somente de prazer do brincar, mas principalmente ser coadjuvante do processo de desenvolvimento dos raciocínios lógico, cognitivo e social.

Infere-se, portanto, que os jogos e as brincadeiras na Educação Infantil possuem relevância para o desenvolvimento global da criança, além de prepará-la para a fase de alfabetização, etapa na qual necessita adaptar-se aos novos desafios da escrita e da leitura.

De acordo com Kishimoto (2010), o acompanhamento do brincar na sala de aula é extremamente importante, porém, há necessidade de garantia do governo federal para que os RCNE realmente sejam cumpridos, conforme apresentam em sua teoria. Por exemplo, nos municípios que cuidam da Educação Infantil, a autora exemplifica que nas escolas da cidade de São Paulo chegam a ter 35 crianças em uma sala de aula, enquanto nos referenciais a quantidade de 25 crianças é assegurada.

No entanto, Friedmann (2012) esclarece que mesmo que o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil tenha resgatado a importância do brincar nas instituições de Educação Infantil, isso por si só não está garantido pelo simples fato de ter aberto possibilidades de discussão, de reflexão e de crítica sobre o tema. Para a autora, há necessidade da conscientização de que o brincar é primordial no trabalho com crianças de 0 a 6 anos e que essa conscientização seja tanto do professor quanto dos demais participantes do corpo educacional dessas instituições.

Indicação de leitura

Livro: O Brincar na Escola.

Autor: Santa Marli Pires dos Santos.

Ano: 2012.

Editora: Vozes.

ISBN: 9788532603777.

Sinopse: Interessante leitura para aqueles que pretendem ensinar por meio do lúdico. Terá noção de que, na escola, o brincar é diferenciado pelo contexto de aprendizado e pelas situações que são criadas pelas próprias crianças. É importante inserir o estudante do Ensino Infantil em brincadeiras que mostram os espaços que ele tem em sociedade.

Reflita

Já dizia Rubens Alves, “É brincando que se aprende…”

A importância da criança fazer o seu próprio brinquedo auxilia na imaginação e na busca por resolver a aplicação de cada peça para que o protótipo transforme-se em um carro, um avião ou uma espaçonave. A teoria de Piaget apenas revela o que os homens da caverna já faziam, colocavam em prática o que estava em suas cabeças. Hoje, a criança possui um brinquedo pronto e não utiliza mais as ferramentas para criação de estilingues e bonecas. A criação do brinquedo deixou de ser desafio.

Muitas vezes, a própria escola poda a imaginação. Quem brinca com alegria sabe do desafio de montar um brinquedo e, desse modo, “professor bom não é aquele que dá uma aula perfeita, explicando a matéria. Professor bom é aquele que transforma a matéria em brinquedo e seduz o aluno a brincar. Depois de seduzir o aluno, não há quem o segure” (ALVES, 1997, p.122).

Fonte: Adaptado de Alves (1997).

A educação é a base para a mudança necessária na sociedade. A brincadeira é a maneira encontrada para tornar mais leve o processo de aprendizagem, muitas vezes, não é valorizada como um aprendizado. Assim, ao futuro educador está o privilégio de atuar com excelência, utilizando as ferramentas que são oferecidas na atualidade.

O Lúdico e a Formação do Educador

Para uma aproximação à realidade e ao cotidiano escolar, os profissionais são iniciados no Estágios Supervisionados, que são de suma importância para a formação prática do profissional, pois proporciona ao futuro licenciado o conhecimento de situações reais, objetivas e concretas daquele que será seu ambiente de trabalho. O objetivo principal é inserir o acadêmico na realidade de sua profissão, já que o mesmo tem conhecimento da teoria e o estágio fará com que ele relacione-o com a prática.

Mesmo não sendo o estudo do Estágio Supervisionado o objetivo principal, faz-se importante mencionar essa prática acadêmica que desempenha um papel fundamental para a formação dos professores. Ela é lei para determinados cursos e consta nas Diretrizes de Bases da Educação Nacional, n°9394/96. Os cursos de formação de professores no Brasil são considerados o momento de se efetivar, sob a supervisão de um professor experiente, um processo de ensino-aprendizagem, podendo ocorrer tanto em instituições públicas quanto privadas. De acordo com Piconez (1991):

[...] A prática da reflexão sobre a prática, no curso de Pedagogia, tem favorecido as discussões sobre o processo pedagógico, suas multifaces e suas questões necessárias [...] indaga a respeito de quem toma as decisões sobre o rumo do processo pedagógico e quais os interesses dos que participam dessas decisões (PICONEZ, 1991, p. 37).

De acordo com Barreiro e Gebran (2006), o Estágio supervisionado é o momento em que o aluno estagiário entra pela primeira vez em contato com seu futuro campo de atuação, podendo, assim, assumir sua postura profissional diante das reais situações da docência, por meio da observação, da participação e da regência, que contribuem para aproximar o aluno de sua futura realidade. Essa é a oportunidade para compreender e vivenciar os diversos desafios que a profissão apresenta dentro do espaço escolar, apresentando-se como um elemento mediador entre a teoria e a prática.

Para Barreiro e Gebran (2006), a articulação da relação entre a teoria e a prática que é um processo definidor da qualidade na formação inicial e continuada do professor como sujeito autônomo na construção de sua profissionalização docente, visto que permite uma constante investigação e a busca de respostas aos fenômenos e às contradições vivenciadas. O acadêmico estagiário, por meio da teoria e da prática vivenciadas no estágio, constrói sua própria identidade, o que o enriquece sua futura ação de educador.

Figura 1.2 - Professor: mediador do conhecimento
Fonte: Mark Bowden / 123RF.

Desse modo, o Estágio Supervisionado relaciona-se com a prática do ensino, uma vez que os acadêmicos são gradativamente infiltrados nas escolas passando por um processo de observação e investigação, acompanhado pelos professores responsáveis pelo estágio, o que propicia vínculos com sua futura profissão.

Para que haja uma reflexão entre a prática e a teoria buscando uma aproximação da realidade da sala de aula, “[...] a formação teórica recebida nos primeiros anos da formação inicial é uma espécie de receituário em que a prática é uma aplicação da teoria” (SOUSA; FERNANDES, 2004, p. 92).

Sabe-se também que a educação vai além do contexto de sala de aula e que é, ao menos deveria ser, uma preocupação social, que envolve estudantes, supervisor, professores e todo o contexto no qual o indivíduo está inserido. Logo, é responsabilidade de todos, sobretudo, daquele que deseja tornar-se professor e que terá a responsabilidade de fazer da licenciatura realmente sua profissão.

Piconez (1991) defende que a Prática de Ensino deve estar interligada a vários componentes, não sendo tarefa exclusiva de uma única área, mas envolvendo todos que participam do processo.

Sendo assim, o Estágio Supervisionado possui um diferencial, uma vez que as atividades que os acadêmicos, futuros professores, deverão realizar durante o seu curso de formação estarão diretamente articuladas à prática pedagógica.

Partindo dessas perspectivas, a proposta é que a mudança seja desenvolvida a partir da aproximação entre a realidade escolar e uma prática da reflexão para que tenhamos professores que busquem ao longo da carreira uma aprendizagem significativa e um novo perfil de profissional. E mais: que eles desenvolvam técnicas que ajudem os estudantes a aprenderem as várias habilidades e que estas os encaminhem a serem cidadãos de valores.

Para a formação do profissional da educação, é essencial que a ludicidade esteja presente com inteiro estado de prazer, simbolizando diferentes partes da vida. Em algumas escolas, a criatividade e a liberdade infantil são colocadas em escanteio e as brincadeiras e jogos são ignorados, afastando o aspecto lúdico que envolve a criança.

Precisa-se buscar a valorização das relações para que seja utilizado o lúdico na escola, porque as atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento e a assimilação de novos conhecimentos, a socialização e a criatividade. Sem a valorização das relações, as brincadeiras podem tornar-se sem objetivos. Lembrando que a criança quando ingressa na escola sofre o impacto da perda de seu ambiente com a família e com seus brinquedos, por isso a necessidade de o professor ser “o grande educador e fazer do jogo uma arte, um admirável instrumento para promover a educação para as crianças” (ALMEIDA, 1994, p.18).

As crianças permanecem muito tempo na escola, assim, algumas ficam um período de até 10 horas em cadeiras desconfortáveis e não podem se movimentar livremente por conta da obrigatoriedade de manterem a disciplina escolar, desse modo, acabam criando uma resistência em ir à escola. Tal consideração deve ser levada a sério quando não é apenas o ambiente que desagrada, mas a perda de realizar as suas brincadeiras preferidas e algumas regras impostas, como restrição de atividades.

Infelizmente, confunde-se ensinar com transmitir, voltando-se ao ainda fazer o aluno agente passivo da aprendizagem e o professor apenas um transmissor de conhecimentos. Lembre-se de que toda a criança tem um a bagagem trazida de casa ou do local de seu convívio.

De acordo com Friedmann (2003), os professores precisam trabalhar jogos para difundir o conhecimento. É indispensável para professores e gestores escolares refletir e tomar ação da importância da prática pedagógica como facilitadora do ensino e da aprendizagem, porque a escola atual tem demonstrado apenas um repasse de conhecimento, com imposição de saberes e restringindo aos alunos o recebimento desse domínio.

Por meio do lúdico que a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário, segundo Friedmann (2003), ao desenvolver a aprendizagem de forma significativa, esta torna-se prazerosa e possibilita as aulas resultantes de satisfação e sucesso para alunos e professores. Considerando que a fase da criança de até os seis anos de idade é toda baseada no lúdico, dessa maneira, ao docente está o convite de facilitar o aprendizado por meio de brincadeiras.

O Papel Do Educador

O papel do educador a partir da observação é de enriquecer e selecionar as atividades lúdicas que possam ser aplicadas a cada criança em seu grupo, oportunizando conhecer a complexidade e a diversidade de comportamentos, atitudes em um contexto sociocultural em que a criança está inserida.

De acordo com Friedmann (2012), existem atitudes que podem ser adotadas pelos educadores para alcançar a aplicação do lúdico:

  • Possibilitar tempo, espaço e materiais para as crianças brincarem livremente;
  • Escutar o que as crianças têm a dizer, fortalecendo seus posicionamentos e autoestima;
  • Fomentar a autonomia durante os conflitos, para estimular o desenvolvimento emocional e o autoconhecimento;
  • Possibilitar ações físicas que motivem as crianças a ser mentalmente ativas;
  • No caso de brincadeiras dirigidas, propor regras, em vez de impô-las; assim as crianças ganham a oportunidade de participar de sua elaboração. As crianças se desenvolvem social e politicamente e devem ter oportunidade de questionar valores morais. As brincadeiras e jogos em grupo dão inúmeras chances de criação e modificação de regras, verificação de efeitos, comprovação de resultados;
  • Proporcionar a troca de ideias para chegar a um acordo sobre as regras. Isso ajuda as crianças a se descentrar de si mesmas, escutar os outros e coordenar pontos de vista diversos – processo cognitivo que contribui para o desenvolvimento do pensamento lógico;
  • Incentivar a responsabilidade de cada criança quanto ao cumprimento das regras, motivar o desenvolvimento da iniciativa, agilidade e confiança em dizer o que pensa e prever a criação de sanções, o que torna as crianças mais inventivas;
  • Permitir o julgamento de qual regra deve ser aplicado a cada situação como forma de promover o desenvolvimento da inteligência. (FRIEDMANN, 2012, p.54).

Nesse ínterim, o professor estimula a criança a vencer a timidez, a se aventurar, a se arriscar e desenvolve as estruturas necessárias para o amadurecimento mental, psicossocial, social, afetivo e cultural. Pode-se dizer que tudo é adquirido pelo incentivo do professor e pela relação à aplicabilidade das atividades lúdicas.

Ainda, segundo Friedmann (2012), a postura do professor e de papel de incentivador e mediador se aplica na intenção de fazer a criança um ser completo, na incumbência do reconhecimento de seu desenvolvimento de atitudes, de suas potencialidades e de valores que permeiam a sociedade. Além de observador, mediador e incentivador, o docente precisa incorporar em sua rotina a aplicação da prática pedagógica como espaço privilegiado de reflexão do seu trabalho. É por meio dessa prática que o professor amplia o olhar do ponto de vista de seu trabalho e encontra o subsídio de que ele precisa para seguir na sua trajetória com as crianças, caracterizando-o como instrumento articulado ao planejamento e à avaliação.

A professora Maria do Carmo Kobayashi apresenta um projeto com formação de professores nas escolas públicas do Estado de São Paulo. Para ela, é necessário trabalhar em pequenos grupos educacionais, envolvendo a família e fazer com que todos os funcionários da escola participem do trabalho lúdico na escola. Kobayashi (2018) enfatiza que o professor precisa aprender o novo, que a linguagem da criança é o lúdico e reconhecer o papel dele e do brincar para a criança. Quando o professor entende esse conceito, ele sai de sua zona de conforto e apresenta um grande desenvolvimento na educação.

Kobayashi (2018) acredita que todos os profissionais da escola infantil devem ser motivados a entender que o espaço escola é o ambiente para a criança brincar, sempre mediada por um professor, assim, qualquer coisa pode ser um brinquedo lúdico. No mesmo aspecto, Kishimoto (2010) afirma que apenas a sala de aula não é o suficiente para a apresentação de brincadeiras para a criança e que os objetos externos podem servir de brinquedos. Então, saber trabalhar os jogos ou qualquer objeto que faça a ponte entre a criança e a realidade é considerado o lúdico, desde caixas a legumes e frutas.  

Assim, a possibilidade de rever as experiências vividas - por meio do registro - possibilita a reflexão, a socialização dos resultados, a teorização da prática e o repensar do caminho, da trajetória a ser seguida.

O jogo, por si só, é repleto de motivação e desafio, e é isso que concorre para que ele seja de grande valia para a educação, pois a solução de problema, que é parte do jogo, mexe com as habilidades básicas, ajudando a desenvolver as habilidades superiores (SANTOS, 2014, p. 23).

O educador da atualidade deve ter como compromisso estimular as crianças a novos desafios a partir da contextualização dos conteúdos para que ela perceba que o que aprende na escola é de utilidade para sua vida. Por isso, o educador deve buscar aperfeiçoamento, nesse sentido, Carvalho et al. (1999) explica que a formação de docentes é uma situação particular, em que o conhecimento a ser divulgado deve ser constantemente redimensionado e reelaborado em decorrência das constantes mudanças que vive a sociedade. Até mesmo grandes avanços da ciência e da tecnologia, podem gerar mudanças da prática docente em sala de aula.

Entende-se que a formação continuada para o profissional da área educacional oportuniza a qualidade na educação para que haja uma promoção de um posicionamento crítico do discente, ao mesmo tempo em que ele é inserido na sociedade.

Observa-se que o desenvolvimento da criança no mundo de hoje é muito mais avançado se comparado a décadas remotas. Nota-se que as crianças são muito influenciadas pelos jogos eletrônicos e que estes ajudam a estimular algumas habilidades, sendo brincadeiras simples que também podem fazer a criança vivenciar, brincar e aprender. Em comparação ao tempo em que os jogos eletrônicos não estavam disponíveis para as crianças, elas buscavam outros meios de diversão e a aprendizagem acontecia naturalmente com brincadeiras infantis, músicas, danças, brincadeiras de roda, corrida, bola etc. Infelizmente, não presenciamos muito esses tipos de brincadeiras atualmente, que são essenciais para o desenvolvimento cognitivo, físico, social e motor.

O papel do professor não é apenas buscar brincadeiras esquecidas com o passar do tempo, mas ensinar de maneira diferenciada a buscar valores importantes para o desenvolvimento de habilidades e para a compreensão do conteúdo por meio das brincadeiras. As crianças podem aprender brincando (KISHIMOTO, 1994).

O professor é o grande mediador de todo processo educacional para contribuir no desenvolvimento das capacidades infantis, não é apenas mostrar as ferramentas, mas oferecer várias delas para que o educando construa seu próprio conhecimento. De acordo com o RCNEI, volume 1:

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano (BRASIL, 1998, p. 30).

A escola é um lugar muito importante para cada criança, já que é onde ela passa uma boa parte do dia estudando, brincando, interagindo, alimentando-se, dormindo, assim, a escola pode ser considerada um “segundo lar”. Nesse sentido, a responsabilidade do professor em sala de aula é grande, pois além de ser o mediador de todo processo educacional, também é considerado um “psicólogo, pai e mãe” para entender o comportamento de cada criança, dar um “colo”, um abraço de amor e afetividade, um sorriso de carinho. Isso é preciso e faz parte do processo educacional como um todo, que vai além de ensinar conteúdos sistematizados.

O educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida (GADOTTI 1999, p. 2).

Para Kishimoto (2010), os professores precisam saber a importância do brincar. Segundo a autora, vários cursos de Pedagogia formam na teoria, porém, não se atentam para a transformação da teoria na prática, a razão do brincar e quais são as melhores maneiras para essa brincadeira. As práticas devem ser diferenciadas para as séries das crianças de variadas idades, porque os educadores e profissionais da  Educação Infantil trabalham com criança de 0 a 6 anos. Salienta-se a necessidade de políticas públicas para a melhoria no atendimento do profissional em relação ao cuidado com a criança.

Nesse contexto, Kishimoto (2010), explica que nas escolas não há espaço para os profissionais que trabalham seis horas descansarem, não há planejamento adequado para o dia ou turno seguinte, como exemplo: observou-se na turma do turno da manhã quais foram as evoluções de uma ou outra criança. De acordo com a autora, pequenas conversas sobre como a criança brincava e como ela está na brincadeira agora podem melhorar o processo de seu crescimento intelectual.

REFLITA

Por que é necessário planejar as brincadeiras e os jogos?

Toda a ação docente está baseada na antecipação e no planejamento de sala de aula. O trabalho do professor deve estar amparado no Projeto Político Pedagógico da escola e, também, no Plano de Trabalho Docente. Por essa razão, a ação é fundamentada na ação social da escola. Dessa maneira, existe a necessidade do docente planejar as atividades lúdicas aplicadas em aula para direcionamento da criança, sem tirar a espontaneidade e facilitar o processo de aprendizagem por meio do brincar.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Sabendo que a ludicidade melhora o desempenho escolar da criança. Tudo se torna mais significante quando há a interação do professor e aluno partindo da amizade, troca de experiências, respeito, solidariedade, transformando o ambiente escolar prazeroso. Dessa maneira, o professor que adota o trabalho lúdico deve ser um profissional que encara com seriedade o seu trabalho, buscando estudar, pesquisar, experimentar novas técnicas e métodos e, ao mesmo tempo ser alguém aberto a novas experiências, aquele que vivencia e participa, humanizando, assim, o seu fazer pedagógico.

FIQUE POR DENTRO

Qual é a regulamentação que orienta a Educação Infantil?

A regulamentação é o conjunto de leis e normas que orienta a criação, a autorização, o funcionamento, a supervisão e a avaliação das instituições de Educação Infantil. Os sistemas de ensino têm autonomia para complementar a legislação nacional por meio de normas próprias, específicas e adequadas às características locais. O município que não organizou o Sistema Municipal de Ensino, bem como não implantou o Conselho Municipal de Educação (CME), permanece integrado ao sistema estadual e segue as normas definidas pelo Conselho Estadual de Educação (CEE). Nas cidades em que o Sistema Municipal de Ensino foi organizado, a competência da regulamentação da Educação Infantil é do Conselho Municipal de Educação (CME) (BRASIL, 2013, p. 4).

Fonte: Adaptado de Brasil (2013).

Reflita

Pedagogo na Lei

Após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 20 de dezembro de 1996, entendeu-se que para atuar na Educação Infantil era necessário que os profissionais da educação tivessem o Ensino Superior completo. Foi um agravante para alguns, que resistiram à mudança e, para outros, o começo de um reconhecimento. A reflexão e discussão sobre o assunto começou por meio do Art. 62 da LDBEN/96, pois traz claramente a declaração da necessidade do Ensino Superior. Porém, ainda há discussões sobre o Art. 64 da LDBEN/96, este prevê que a formação de outras áreas dos profissionais de educação seja feita com base na graduação em Pedagogia.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Indicação de leitura

Livro: José, a bola e a história do brinquedo

Autor: José Ribeiro do Carmo.

Ano: 2017.

Editora: PIMPÃO.

Sinopse: Livro infantil que conta a história da infância de José para o docente aplicar na sala de aula e utilizar as curiosidades que existem no final do livro, tais como: a história da bola, algumas cantigas, curiosidades sobre o jogo das “Cinco Marias” ou “As pedrinhas”, como é conhecido em outras regiões. A história do livro é de socialização de um menino com uma menina e eles brincam com seus brinquedos, criando vida para os bonecos e carrinhos.

A intenção deste estudo é ampliar a visão acerca das questões do brincar na Educação Infantil, abrindo horizontes para novos estudos com foco no aprofundamento do tema.

Percebe-se que acreditar que o brincar não pode fazer parte do ato de ensinar é uma concepção ultrapassada, pois com apoio das leis e com a proposta de mudança de alguns educadores a tendência é trazer um ensino de mais qualidade. Por isso, pensar a brincadeira como momento de descanso e relaxamento - como brincar por brincar, sem intencionalidade ou objetividade - diante das concepções dos autores apresentados, é uma atitude inconsequente que precisa ser superada pelos educadores.

Brincar é coisa séria que precisa ser colocada em prática em todos os espaços de educação infantil oportunizando à criança um desenvolvimento saudável e de acordo com as suas necessidades.

Atividade

O educador, para colocar em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, mas deve colocar-se antes na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida.

Fonte: GADOTTI, M. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999, p. 2.

De acordo com o contexto, é correto afirmar que:

O professor é o detentor do saber, pois ele tem mais estudo do que o seu aluno.

alternativa incorreta. Ao professor não é adequado manter-se como ser intelectual que sabe mais do que seu educando. Compete a ele, reestabelecer o diálogo e entender que é parte do processo de educação aprender com o educando.

A criança mesmo sem saber ler possui conhecimentos de mundo que são importantes.

alternativa correta. Aquele que não sabe ler ou escrever está disponível ao conhecimento que a vida apresenta.

A vida não ensina a ler, por isso não traz conhecimento.

alternativa incorreta. A vida traz conhecimentos que não podem ser adquiridos na escola, por exemplo: um analfabeto sabe pegar o ônibus para a sua residência, pela cor do automóvel ou direção que ele vem, o que é chamado de letramento.

Ao reconhecer que o analfabeto está em sala, o professor deve apenas ouvi-lo.

alternativa incorreta. O analfabeto também é letrado, pois as pessoas possuem vivências e o reconhecimento não quer dizer que deva apenas ouvir o aluno, mas utilizar da experiência de vida dele para atribuir conhecimento à aula.

A escola ensina mais do que a vida, por isso o professor é o mais importante.

alternativa incorreta. O professor é parte do processo de educação, ele não sabe de tudo. A escola não ensina mais que a vida.

Atividade

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e as capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.

Fonte: BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. v.1 p. 30.

Com base nos estudos da disciplina e no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, assinale a alternativa correta:

A brincadeira direcionada pelo professor é para o aprendizado completo da criança.

alternativa correta. O professor auxilia as crianças entre o brinquedo e as brincadeiras dentro do processo educacional. Assim, a crianças utiliza dos recursos de espaço e das situações que a levam ao desenvolvimento completo, isto é, emocional, afetivo e sociocognitivo.

A criança não precisa de apoio ao brincar, pois a brincadeira sempre acontece sozinha.

alternativa incorreta, A brincadeira acontece sozinha, mas no contexto escolar o professor é o auxiliar das brincadeiras.

O brincar não auxilia no aprendizado, apenas é o passatempo.

alternativa incorreta. O brincar auxilia no aprendizado, mas o jogo sozinho não pode ser considerado educacional, precisando de auxílio do professor para tornar-se produtivo.

Qualquer ambiente serve para o aluno brincar, o importante é ter brinquedos.

alternativa incorreta. Ao professor compete a organização de um espaço adequado para a criança brincar, onde ela fique segura e aproveite o ambiente.

A mediação é apenas necessária para os alunos que não entenderam a brincadeira.

alternativa incorreta. O professor é o auxiliar no processo de aprendizado para todos os alunos, não apenas para aqueles que possuem dificuldades.

Atividade

O Estágio Supervisionado desempenha um papel fundamental para a formação dos professores. Ele é lei para determinados cursos e consta nas Diretrizes de Bases da Educação Nacional, n°9394/96. Os cursos de formação de professores no Brasil são considerados o momento de se efetivar, sob a supervisão de um professor experiente, um processo de ensino-aprendizagem, podendo ocorrer tanto em instituições públicas quanto privadas.

De acordo com esse assunto e com base no apresentado na disciplina, assinale a alternativa correta:

A lei de diretrizes e bases da educação nacional não auxiliavam no processo de formação acadêmica.

lternativa incorreta. A LDBN, nº. 9394/96 trouxe avanços para o pensamento pedagógico, por isso a escola passou a ser um espaço mais democrático de discussões pedagógicas.

A LDBN foi instaurada no final de 1989 para a contratação de novos professores.

alternativa incorreta. Os fatos fizeram com que na década de 90, com a LDBN (1996), as escolas brasileiras começassem a discutir a interação com os estudantes e as possibilidades de repensar o pedagógico.

Não há necessidade de apoio para a formação de professores, a reforma começou antes da LBDN.

alternativa incorreta. O Estágio Supervisionado desempenha um papel fundamental para a formação dos professores. Ele é lei para determinados cursos e consta nas Diretrizes de Bases da Educação Nacional, n°9394/96. Os cursos de formação de professores no Brasil são considerados o momento de se efetivar a prática.

O estágio deve ser realizado para que o futuro pedagogo sinta a realidade das escolas.

Alternativa correta. O Estágio Supervisionadorelaciona-se com a prática do ensino, uma vez que os acadêmicos sãogradativamente infiltrados nas escolas, passando por um processo de observaçãoe investigação, acompanhado pelos professores responsáveis pelo estágio, o quepropicia vínculos com sua futura profissão.

A Educação Básica é oferecida pelos colégios estaduais e está somente ligada às creches.

alternativa incorreta. A Educação Básica é oferecida em creches e pré-escolas para crianças de até cinco anos de idade, promulgada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e assegurada pela Constituição Federal Brasileira como Educação Infantil.

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